A planta Maytenus
ilicifolia, popularmente
conhecida como espinheira-santa, contém substâncias capazes
de dilatar vasos sangüíneos (foto:
Sonia Mesia Vela).
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A espinheira-santa (Maytenus
ilicifolia), planta popularmente usada para tratar doenças
gastrintestinais, revelou-se capaz de reduzir a pressão arterial de ratos. O
resultado foi obtido pela bióloga Sandra Crestani
na realização de sua dissertação de mestrado, defendida no Departamento de
Farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Como o efeito
vasorrelaxante de substâncias contidas na planta já havia sido observado in vitro por uma
colega, Crestani decidiu testá-lo em animais (in
vivo).
Os compostos utilizados nos testes foram
obtidos a partir do fracionamento químico de folhas da planta. Essa separação, feita com o auxílio de solventes,
deu origem a quatro amostras com diferentes graus de pureza. As frações foram
inoculadas por via intravenosa (diretamente nos vasos sangüíneos),
para garantir uma absorção mais rápida. “Como todas as frações produziram o
mesmo efeito nos animais, ficou difícil identificar o composto bioativo”,
relata a bióloga. Entre as substâncias encontradas, havia taninos, flavonóides, fenóis, aminas e alcalóides.
Embora não se tenha chegado ao composto (ou
compostos) específico com ação hipotensora, deduziu-se que ele age de maneira
semelhante à nitroglicerina, usada clinicamente com a mesma finalidade.
Quando absorvidas pelo organismo, as substâncias estimulam a produção de
óxido nítrico pelas células endoteliais (localizadas nas paredes internas dos
vasos sangüíneos). Esse gás passa por difusão para
as células musculares que circundam os vasos, provocando uma dilatação de
ambos e promovendo a queda da pressão arterial.
Quanto ao efeito da Maytenus ilicifolia no tratamento da hipertensão em seres humanos, ainda
não há resultados conclusivos. “Nosso estudo não envolveu testes com
humanos”, observa Crestani, que pretende dar
continuidade à pesquisa em seu trabalho de doutorado.
Tradição medicinal
O uso de ervas e plantas medicinais feito com base
em conhecimento tradicional é muito anterior ao surgimento das primeiras
farmácias. Mais do que perpetuar tradições, a medicina popular fornece para a
farmacologia inúmeras espécies a serem estudadas com vista ao desenvolvimento
de novos medicamentos. Um exemplo é a própriaMaytenus
ilicifolia, nativa
do sul do Brasil e de outras regiões do sul da América Latina, que começou a
ser estudada no início da década de 1960. Um fitoterápico produzido em nosso
país a partir da planta –
comercializado sob o nome de ‘Espinheira-santa’ – possui várias indicações para o tratamento de
complicações grastrintestinais, como inflamações do
estômago, úlceras e hiperacidez.
A forma de processamento da planta permite usos variados. Como chá preparado por
decocção – no caso, as folhas são trituradas e lançadas em água que será
fervida –, ela pode ser usada para cicatrizar feridas e, supostamente, para
combater câncer de pele. Diz-se ainda que a espécie possui
efeito abortivo e eminagogo (promove a
menstruação), podendo também ser empregada como anticoncepcional.
Guilherme de Souza
Especial para a CH On-line / PR
06/05/2008
Pedido Fone: 43 3325
5103
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